domingo, 30 de setembro de 2007

VARAL VIRTUAL - ISAAC STAROSTA

POEMAR?
Isaac Starosta


Fazer poemas?

Mas pra quê se todas as coisas

estão quietas nos lugares certos

sem qualquer inquietação maior?!

Fazer poemas? Pra quê?

Se já existem tantos e os poemas

até hoje não conseguiram o milagre

de uma criança brincando

de um casal namorando ao sol

de uma bola entrando mansamente em gol!

Pra quê poemas

se esses monstros sutilíssimos jazem

empoeirados num canto da memória

sem nunca se saber quando como e para quem

um dia surgirão?!

Pra quê, se um deles agorinha por aqui passou

e eu, distraído, caneta na mão, procurando o poema,

não acertei na sua direção?!

A poesia passa depressa, não pensa

na dor da saudade que vai deixar.

A poesia é o momento que passa

e até se contenta em ser

constantemente o que não é.

segunda-feira, 24 de setembro de 2007

VARAL VIRTUAL - TELMA SCHERER


Vampira! Te afasta!
Sugaste o meu sonho de pronto
Quiseste beber minha luz
Fizeste o teu santo milagre
E eu magra carrego tua cruz?
Vampira! Te enoja!
Corre fora de ti e tua gente!
Corre logo! Não dança, não geme,
Não treme de medo e de orgulho
Te engolfo e no mar eu te engulo
Na boca da água-viva
No centro dessa saliva
De fogo, sua sonça!
Vai catar a tua pedra na esquina!
Vê se te mira!
Te afasta, vampira!


.............................................


os livros mais grossos
param de pé

as folhas ao vento
dançam


..............................................


prometi pensar coisas felizes
mas matei duas baratas
elas duas desbaratinadas
meu havaianas verde
prometerei outra coisa qualquer
prometerei amar
eles tocam no natal músicas pra deprimir
tocaram Bach e Beethoven eu quis chorar
por que natalizar?
não me deram presente algum
para abraçar nenhum corpo
fantasmas-conceito rondam, todos tristes
se ao menos eu matasse com a frieza dos psicopatas!
se matasse todo dia uma mosca ou barata
talvez fosse pro inferno
no inferno não deve haver natal, Bach e Beethoven
talvez lá promessas sejam cumpridas
mesmo que maléficas
no inferno não deve haver corpos para abraçar
talvez nem a necessidade
matei duas baratas
só hoje

CLIPAGEM PORTOPOESIA (2)

Para ampliar e ler clique nas imagens:

Correio do Povo, 23[1].09.2007, Arte & Agenda, capa



Jornal do Comércio, 24[1].09.2007, pág 2, Caderno Panorama



Correio do Povo, 20[1].09.2007, Arte & Agenda, capa



Assessoria de Imprensa: Sarah Goulart

VARAL VIRTUAL - CARMEN SILVIA PRESOTTO

ELE-ISMOS


Cais alegres
linguagens
Penélopes dragam as mil pedra de um Porto

Ares
da sombras
que, entre mastros navegantes,
somo às noites de Genis
acolho a todas
que suam, partilham suas dores....

No trilho das palavras
uma parto solta a língua
atravessando a maré,
dissolve grávidas odisséias

porto em poesia
:
é criação!

Helenas
me retornam os passos
da seta sutil,
desatamos o nó marinheiro...

Três mulheres ao léu,
o tempo segue o tule dos tempos.



Porto Alegre, 15 de setembro de 2007.

Varal Virtual - Neli Germano

1.

MULHER EM CONSTRUÇÃO

Escandalizo.

Debando a solidão.

Agrido a alma e, por pouco,

não quebro o espelho.

Por que, por que exiges de mim

tamanha transparência, lisura?

Permite-me ser profana,

ser uma simples terrena.

Não, não exijas de mim o martírio

a beatificação - sou pequena.

Susta minha desventura -

meu falso céu.

Deixa-me tecer uma nova verdade.

Alivia minha inquietação e,

se não puderes abarcar minha

dor, vasto é o caminho: vai-te

embora, para que não me transforme

em espectro de mulher.

Quero prover o alimento do meu prazer.

Respirar aliviada.

Ser porta-estandarte

sem manto - sem véu.

Caracterizar minha passagem:

Ser mulher em construção.

2.

PortoPoesia

cais do Poema

em-barco-em-prosa

embarquemos

a sobra da Palavra

Só sobra

3.

SEMÂNTICA

Porta vem de porto (?)

Prefiro o Porto,

com seu vai-e-vem

suas entregas

seu abrigo,

à porta,

com seus ferrolhos

seus rangidos.

Varal Virtual - Virgínia Rocha (Grupo Cero)

Quadro de Rauricio Barbosa




Oceano

Oceano sem margens à vista

onde submersas algas são ar/espaço.

Quem disse, alguma vez até aqui água

até aqui não?

Dis.curso/lucidez ou delírio/

archote, arcanjo./Navios-ossos

os peixes lambem/dessalgam

Sepultura.

Quem disse alguma vez até aqui tudo

depois ausência?

Sem margens o tempo: estás aqui/

In.vento.



Virgínia Rocha (Grupo Cero)


domingo, 23 de setembro de 2007

VARAL VIRTUAL - FABIO GODOH

medo por dentro, poema por fora
não há poesia em poeta contido
feito o poema, o poeta cai fora
e leva consigo o poema perdido

medo por dentro, poeta por fora
não há poesia em poema fingido
feito o poeta, o poema cai fora
e leva consigo o poeta traído

poema por dentro, medo por fora!
encara-te a frio, poeta vencido!
poeta por dentro, silêncio por fora
só há poesia em poema não lido




disse o poeta

(covarde rotina)
o melhor do poema
é a última rima

disse o poeta
(e perdeu a piada)
o melhor do poema
é quando ele acaba

morta a charada!
(o poeta termina)
a piada é profunda
a rima, cretina

morta a charada!
(o poeta se afunda)
e erguemos a bunda
da gorda almofada

quinta-feira, 20 de setembro de 2007

VARAL VIRTUAL - ÍTALO OGLIARI

Poeminhas pós-modernos


meu filho é guloso
muito guloso mesmo
na primeira mamada
na manhã de um mormaço de março
mamou o silicone da mamãe

.

para dizerem telha dizem teia
para pior pió
para pó pó
para pedra pedra
para política dizem não gosto
e vão fazendo barracos

.

minha terra tinha palmeiras
onde cantavam os sabiás
meu neto nunca saberá
que o sabiá sabia assobiar

.

quero ser como o Bial
como o Galvão
como o Ronaldinho
como o Alemão
e
se sobrar um tempinho
quero até ser eu mesmo
mas com fama, mulher e milhão

VARAL VIRTUAL - JORGE REIN


fim de festa
são ostensivos os sinais do ocaso
as órbitas das taças
por exemplo
circunferências úmidas na memória da mesa
pegadas de planetas transparentes
em translação ao brinde em que congelam
cristal contra cristal cristalizando
a reciprocidade dos eclipses
por exemplo os despojos
da penúltima ceia despejados
no metal da travessa que reflete
inox inexorável
os estragos da fome
no mercado das artes
sitioplásticas
ou quem sabe a garrafa
vazia por exemplo
embriagada em titânicas ressacas
se deixa engravidar
pela fascinação abissal dos naufrágios
entre os mínimos icebergs
mergulhada
debalde nossas roupas
por exemplo
fingem fazer amor nas almofadas
peles sem habitantes
inadesanimadas
que um braço não se esgota numa manga
nem são meros botões
as genitálias
gentil aia da alcova em decadência
se por exemplo a imagem
do animal provisório que geramos
ficasse registrada na retina
dos lençóis que toda noite apagas
como fica a indelével figura do cadáver
entranhada na trama do sudário
mas os sinais da morte da magia
estão por toda parte
nós mesmos por exemplo
pairando sobre o leito em polvorosa
prisioneiros do fundo
dos olhos dos espelhos
somos outra vez dois
que nos contemplam


Jorge Rein

quarta-feira, 19 de setembro de 2007


Fotos de Chico Seabra

sábado, 15 de setembro de 2007

PRÉ-LANÇAMENTO PORTOPOESIA

Jornal do Comércio, 04[1].09.2007, Caderno Panorama, pág 8


Zero Hora, 04[1].09.2007, Segundo Caderno, pág 5


Correio do Povo, 04[1].09.2007, Arte & Agenda, capa


Correio do Povo, 01[1].09 e 02.09 - Arte & Agenda, pág. central


Correio do Povo, 29[1].08.2007, variedades, pág 29


Correio do Povo, 01[1].09 e 02.09 - Arte & Agenda, pág. central


Correio do Povo, 17[1].08.2007, variedades, pág. 28

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

Varal Virtual - Eloísa Roveda Tschoepke


Quadro de Rauricio Barbosa




Espiral

Moinho de lágrimas em pó

E punhos pautados

Segregam estupefação.

Em outro corpo complacente,

Lâminas de folhas finas e rígidas,

Desabitam ausências,

Indúcias do fogo como notação de pássaros

Em galhos aferentes.

No ritmo da espiral

Lágrimas

Punhos

Teclas Premidas

Compõem violência.



Eloísa Roveda Tschoepke (Grupo Cero)

quarta-feira, 12 de setembro de 2007

Colaboradora e responsável pelo espaço: Beatriz França
Produção e Organização do espaço:
Cristiane Cubas, Gerusa Marques e Lorenzo Ribas

27/09 QUINTA
16 horas Aberto a intervenções do público.
17 horas Aberto a intervenções do público.
18h - Malabares de Miriam Helfenstein e Guilherme Gonçalves (externo)
Aberto a intervenções do público.
19h - Grupo Cero lançamento de Livro.
Aberto a intervenções do público.
20h - Solos de Milena Dugacsek e Biba Meira
21 horas Aberto a intervenções do público.
Aberto a intervenções do público.

28/09 SEXTA
16 horas Aberto a intervenções do público
17 horas Aberto a intervenções do público.
18h - Malabares de Miriam Helfenstein e Guilherme Gonçalves (externo)
18h30min - Performance e recitação poética com Ruth Telles e Avelino Collet
Aberto a intervenções do público.
19h- Performance de Rodrigo Westeuser com poemas de Fernando Pessoa.
Aberto a intervenções do público.
19h30min – “Quem conta um conto” – Leitura de Contos
20h – Clownssicos com João Pedro Madureira e Larissa Sanguine
21h - Leo Schneider e Chico Bom
Falação de poemas e som

29/09 SÁBADO
16 horas Aberto a intervenções do público
16h30min- Leitura de poemas criados na Oficina: A linguagem do poeta e a síntese interior – Marilice Costi
17 horas
17h- Leitura de poemas com o grupo de recitação ParaLÊlos
Aberto a intervenções do público.
18h- Performance da atriz Viviana Schames leitura corporal de um poema
18h30min- João Antônio Pereira declamação de poemas
Aberto a intervenções do público.
19h - Grupo Cero com esquete
19h30min – Poesia Concreto (externo)
Projeção de poemas visuais no concreto de Diego Petrarca, Carla Laidens e Mauricio Chemello.
Aberto a intervenções do público.
20h- Apresentação de poesia sonora com Guilherme Floco Mendicelli
Aberto a intervenções do público.
21h - Fogo na Franja – Godoh, Caco e Vargas
Banda com som acústico

Exposições Permanentes:
Bienal B - paredes
Natália Bandeira (gravura) – mesas e varal

Luciano Thomé (desenho) – mesas e varal
Ana Mendes (fotografia) – projeção

segunda-feira, 10 de setembro de 2007

VARAL VIRTUAL - ARIEL FIETZ DA SILVA

SONETO POR UM LANCHE

Eu não tenho vintém pro chá de mate,
Trago o bolso vazio como a barriga;
Não sei como alimentar a lombriga
Que ronca no estômago e se debate.


Mas na vida encontrei a mão amiga,
Alguém que o nó da fome me desate;
Quis me dar um bolo de chocolate
Em troca de um soneto, uma cantiga.


Te bendigo, colega, alma querida;
Feliz de quem o teu chazinho tome,
Bem digerida seja a tua comida.


A fome agora já não me consome;
Minha lombriga fica agradecida
E diz que nunca esquecerá teu nome!

Veja meu Slide Show!

VARAL VIRTUAL - ZÉ AUGUSTHO MARQUES

Poesia nº 1

Eu quero um país
Cotidianamente
Simultaneamente
Sucessivamente
Fraticidamente
A cada livro
A cada selo
A cada remo
A cada memória
Chegada pela
Multiplicidade
De pássaros
Que andam pelo
Mundo mais livre
Que eu quero ter!
Eu quero um país
A cada vôo companheiro
de asas e timoneiros
que eu nunca vi.
Eu quero um país
Com mais praças
E domingos...



Poesia nº 2

Vou salvar
Tudo o que quero salvar
Já foi dito
Ao vento de invento
Dos livros que eu li
Mas o que eu mesmo
Vou salvar urgente
Está nesta enchente
De esperança e de grito!



Poesia nº 3

Vamos correndo – vem correndo
Enquanto há tempo no tempo
De impedir o esgoto
Com seu mau cheiro nojento
De espalhar a mistura
Com cacaca e fermento
Que dói na água
E se espalha ao vento
Vamos salvar a alegria
Com as palavras de dentro
No coração da barca
Do dilúvio e fantasia...

VARAL VIRTUAL - ROSANE SCHERER

O Barco

Num mesmo dia não se pode construir um barco.
Nem mesmo atravessar o oceano.
Os alicerces brotam a princípio
Depois de pronta a carcaça, erguerá o mastro,
Retocará os acabamentos e partirá em busca da sabedoria...
Passarás horas... dias... meses... anos navegando.
Guardarás contigo de toda a aprendizagem.
Saberás seguir os rumos encontrados
E pintarás de cores alegres
Para que possas viajar em plena harmonia.
Conduzirás teu barco, construído por ti,
Porque sabes onde ficam seus detalhes e seus segredos
Serás o rei da tripulação. De ti partirão as leis e seus princípios,
Que aprenderás navegando.
E só chegarás a teu destino se a luta for verdadeira em ti mesmo,
Pois só os fortes podem atravessar o oceano sem naufragar.



NÃO FIQUE CALADO – PROTESTE!

Eu não quero mais ... Ficar calada
ficar parada nas filas intermináveis dos bancos
Eu não quero mais
violência, banalidade, crueldade
Eu não quero mais
gasolina adulterada no meu carro
Eu não quero mais
a corrupção em meu país
Eu não quero mais
a impunidade dos corruptos e bandidos
Eu não quero mais
Os Direitos Humanos defendendo os bandidos
e deixando a sociedade abandonada
Eu não quero mais
Que matem as pessoas neste descaso incompreensível
Eu não quero mais
que os salários dos servidores sejam parcelados
Eu não quero mais
Ver o povo calado, sem reclamar
Eu não quero mais
Ver meu país se afundar nesta lama
Eu não quero mais
políticos corruptos, inescrepulosos e falsos
Eu não quero mais
Impostos absurdos, sem uso digno, sem causa
Eu não quero mais
A falta de valores, de ética, de verdade
Eu não quero mais
ouvir mentiras de gente abusada,
ver atitudes estúpidas enganando as pessoas
Eu não quero mais
Ver propagandas absurdas lavando o cérebro do povo
Eu não quero mais
O lixo tóxico, a derrubada das nossas matas, a poluição
Eu não quero mais
o desperdício de água limpa, a sujeira nas ruas
Eu não quero mais
mendigos e meninos abandonados, sem casa, sem teto, sem perspectiva
Eu não quero mais
A falta de educação, de cultura, de saúde
Eu não quero mais
A falta de vergonha na cara, desses governantes covardes e estúpidos
Eu não quero mais!!!
E você?
Vai ficar calado, com essa dor no peito, esta sensação de impotência?
Vai ficar calado diante deste caos, diante desta falta de respeito
para com os nossos direitos, para com os valores, para com a nossa vida?
Pare. Pense. Tome Uma Atitude!
Tome Coragem e Mude Esta Palhaçada Toda...
Ou Você Será Mais Um Palhaço
Para Que Eles Possam Rir Da Tua Cara...

quinta-feira, 6 de setembro de 2007

Poema em camiseta, de Geraldo Maia, Salvador, BA.



VARAL VIRTUAL - SONINHA PORTO

VERSO CALADO


Os meus verdes, hoje, dançam assanhados,
gotas de chuvas penduram-se nos varais,
os brincos vermelhos fazem-lhes agrados,
buquês fartos, folhas e flores nada mais.

Este bailado que ora me inflama,
seduz tolas rimas das minhas lembranças,
sempre Amor na boca da triste dama,
misterioso amar que a alma reclama.

Não é preciso falar tudo o que penso,
nestes leves traços encontras o meu eu,
perdido, somente contigo renasceu.

Vou calar, não deves saber tudo de mim,
entrego escondido o verso que trai,
À névoa suave que cai... no meu jardim.


- soninha ferraresi porto
"não há nada mais lindo que várias pessoas unidas por um mesmo fim"...é como se todos fossem apenas um...Até que enfim a vez da Poesia!!! Poetas guerreiros lutando pelo espaço e reconhecido direito de serem sensíveis em mundo de puro concreto. Parabéns a galera...aos organizadores meu beijo no coração...aos parceiros, minhas mãos...e aos Porto-alegrense: o melhor de nós!

Grande beijo,

- Maira Knop

terça-feira, 4 de setembro de 2007