Devoção
Viviane Juguero
Prostração preambular
Enceta o ato
Os joelhos – indolentes
Ignoram a superfície frígida
Entre júbilo e ardor
Curva-se
Agarra exultante
Como se expirasse
Como se não mais pudesse
Como chance ímpar sem par
Contato rústico místico
Rijo, o pau imponente
A tenra carne macula
Pressão progressiva
Ânsia do êxtase
Da erupção
Dos mistérios contidos
No cilindro sagrado
Veias pulsantes
Deslizam e paralisam
Ante o obstáculo transversal
Sôfrega, numa carícia
Roça os lábios bem na ponta
Mais abaixo
Mais abaixo
Estremece
Sobre a língua
Respousa a dádiva
Dissolvendo paulatinamente
Sem pressa
Néctar branco e saliva simbiônticos
Aveludam as mucosas
Penetrando a intimidade da garganta
Comovida com a eucaristia
Madre Laurinda
Aparta o crucifixo
Findando seu rito diário de fé
Como se expirasse
Como se não mais pudesse
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