P O E M A S S E M P A L A V R A S
Retiro
o teto das palavras,
o assoalho, qualquer apoio,
assôo-as pelo nariz,
frito-as como lingüiça
deixo-as feias, lânguidas
enfermiças.
Com descaso por sua aparência,
esfrego nelas verniz, depois raspo-as com um caco de telha,
risco como um risco de giz com um guincho na parede,
tiro-lhes o brilho,
porque mais feio é quem me diz
ou quem não me quis,
gosto de nelas mergulhar críticos, barbantes e rinocerontes
são eles que tornam o mundo redondo
e fácil de entender.
Falar, escrever, pode ser tão bonito
quanto foder,
basta saber dizer
ou saber fazer.
*do livro Viver a Paixão de Cada Passo Ed. Alegoria
Um comentário:
Marco Celso, essa merece um comentário, não um comentário, nem crítica, nem nada, tem-se que le-la apenas, por assim dizer, pois a profundidade a que remete o leitor...
"Falr, ecrever,´pode ser tão bonito
qunto foder,
basta saber dizer
ou saber fazer"
Feito
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