quinta-feira, 28 de junho de 2007

VARAL POESIA - MARCO CELSO HUFFELL VIOLA

P O E M A S S E M P A L A V R A S

Retiro
o teto das palavras,
o assoalho, qualquer apoio,
assôo-as pelo nariz,
frito-as como lingüiça
deixo-as feias, lânguidas
enfermiças.
Com descaso por sua aparência,
esfrego nelas verniz, depois raspo-as com um caco de telha,
risco como um risco de giz com um guincho na parede,
tiro-lhes o brilho,
porque mais feio é quem me diz
ou quem não me quis,
gosto de nelas mergulhar críticos, barbantes e rinocerontes
são eles que tornam o mundo redondo
e fácil de entender.
Falar, escrever, pode ser tão bonito
quanto foder,
basta saber dizer
ou saber fazer.

*do livro Viver a Paixão de Cada Passo Ed. Alegoria

quarta-feira, 27 de junho de 2007

VARAL VIRTUAL - PAULO HECKER FILHO

EU DIRIA PÁRA

Se fosse possível,
eu diria pára.
Mas nada detém o mundo.
Nem um coração que pára.



QUERO MORRER LENTAMENTE


Quero morrer lentamente
Como enfim se completa o silêncio após a música
Como acabam os dias mudamente aterrados
Como somem as ondas num afago final à praia
inconquistável
Quero morrer lentamente
Com o secreto adeus do beijo que mal roça nos lábios
Com a austeridade das rosas até a corrupção
Com este tremor do nada que em certos instantes corre
pela espinha da Via-Láctea
Quero morrer lentamente
Como se apaga o eco nas montanhas
Como as nuvens se esgarçam e se extinguem
Como o velho cavalo já não se levanta
Quero um silêncio maior que o da morte
O silêncio do fundo do mar
Do coração da terra
Do espaço entre os astros
Quero afundar no silêncio
No silêncio
No silêncio
No silêncio.



- em "Perder a vida", 1985, ed.Tchê!
fotopoema: Pirata

segunda-feira, 25 de junho de 2007

VARAL VIRTUAL - ALBERTO CRUSIUS

PIRATAS, ARGOS E NARCISO


Alvorecer

Célere, a galera sulca.
Hierático, o fato: é fenícia. E pirata.


Argos, com direito à citação.

Esbarra com fragor marítimo de espoucada espuma, no sonoro nome de Argos, a idéia de que seja arbitrário o signo. Era Argos, erga omnes, navio de Jasão e patético, oportuno, cão de Ulisses. Ir e retorno, num só nome, reunidos.


Narciso sem plástica

Sou meu rosto.
São as rugas o derradeiro rastro
dos passados anos em sulco semeados.

Lenta é a colheita, macias as sombras.
Também sabe a mosto
o suave sol posto.

VARAL POESIA - SURIEL RIBEIRO

fotopoema: Pirata
O meu verso é água pura
Correndo pelo lagedo
É semente de arvoredo
Brotando na terra dura
É fruta doce madura
No pomar da poesia
É o sopro da ventania
Varrendo a terra escarpada
É noite toda estrelada
E o Sol no raiar do dia
VENHA PARTICIPAR DO SARAU
DO GRUPO RAIZ DA POESIA,

COM GENTE ANIMADA, UM BAR BACANA
E POESIA, MUITA POESIA.


Adriana Kless
Ernesto Braga
Jorge Linhaça
Mara Inez Moraes
Marco Araujo
Soninha Ferraresi Porto


Dia: 29 de junho de 2007
Hora: 20:30 h
Local: Pub Botti
Felipe Nery, nº. 81 Auxiliadora - Porto Alegre/RS
Couvert Artístico: R$5,00
Solicitamos confirmar presença
raizdapoesia@gmail.com

Para ser poeta
basta uma caneta
um papel
um bar
uma rua
uma lua
dias e noites

Para fazer poesia
basta um amor
seja de que jeito for
uma janela para a vida
e um espírito que possa voar

sexta-feira, 22 de junho de 2007

VARAL POESIA - DIEGO CASTILLHOS PETRARCA



NO MEIO DA CASA

Abrir a geladeira
pra justificar o salto da cama
desde o início
até a última fatia da noite

a insônia puxa muita conversa
e tumultua o quarto com seu
bate-estaca
palmas
britadeira
arrastar de mesa
ruído de motor
orquestra de latidos
histeria de pneus

distrai o sono
eletrizado de barulhos
que some
tropeçando nos volumes máximos
e só reaparece
de manhã cedo
surdo
e me resgata
do meio da casa
de volta pra cama

quinta-feira, 14 de junho de 2007

VARAL VIRTUAL - LORENA POEMA




receitas do cerrado


I. saudade

derrama-se
o chá da xí­cara
até o colo queimar.



II. suor


molhar a ponta da lí­ngua
resbalar vestí­gios
emoldurar umbigos.



III. calmante


aos prantos,
corta-se a fúria
em copos de leite.


- Lorena Poema
http://lorena.poema.zip.net/


Chama-se poesia tudo aquilo
Que fecha a porta aos imbecis
- Aldo Pellegrini -


A poesia tem uma porta hermeticamente fechada para os imbecis, aberta de par em par para os inocentes. Não é uma porta fechada com chave ou ferrolho, mas sua estrutura é tal que, por mais esforço que façam os imbecis, não conseguem abri-la, enquanto cede à simples presença dos inocentes. Não há nada mais oposto à imbecilidade que a inocência. A característica do imbecil é sua aspiração sistemática a certa ordem de poder. O inocente, ao contrário. Nega-se a exercer o poder porque possui todos.
Obviamente, o povo é o possuidor potencial da suprema aptidão poética: a inocência. E no povo, aqueles que sentem a coerção do poder como uma dor. O inocente, conscientemente, ou não, move-se num mundo no qual o único valor é dado pelo exercício do poder.
Os imbecis buscam o poder em qualquer forma de autoridade: o dinheiro em primeiro lugar e toda a estrutura do Estado, desde o poder dos governantes até o microscópico, porém corrosivo e sinistro poder dos burocratas, desde o poder da igreja até o poder que dão as leis. Todo esse acúmulo de poder está organizado contra a poesia.
Como a poesia significa liberdade, significa afirmação do homem autêntico, do homem que tenta realizar-se indubitavelmente, ela tem certo prestígio ante os imbecis. No mundo falsificado e artificial que constroem, os imbecis precisam de artigos de luxo, cortinados, bibelôs, jóias e algo assim como a poesia. Nessa poesia que eles usam, a palavra e a imagem convertem-se em elementos decorativos e, desse modo, seu poder de incandescência é destruído. Assim é criada a chamada poesia oficial, poesia de lantejoulas, poesia que soa oca.
A poesia nada mais é do que essa violenta necessidade de afirmar seu ser que impulsiona o homem. Opõe-se à vontade de não ser que guia as multidões domesticadas e se opõe à vontade de ser nos outros que se manifesta em quem exerce o poder.
Os imbecis vivem num mundo artificial e falso: baseados no poder que se pode exercer sobre os outros, negam a rotunda realidade do humano, a qual substituem por esquemas ocos. O mundo do poder é um mundo vazio de sentido, fora da realidade. O poeta busca na palavra não um modo de expressar-se, mas um modo de participar da própria realidade. Recorre à palavra, porém busca nela seu valor originário, a magia do momento de criação do verbo, momento em que não era um signo, mas parte da própria realidade. Mediante o verbo, o poeta não expressa a realidade, mas participa dela.
A porta da poesia não tem chave ou ferrolho: defende-se por sua qualidade de incandescência. Somente os inocentes, que tem o hábito do fogo purificador, que tem dedos ardentes, podem abrir essa porta e por ela penetrar na realidade.
A poesia pretende cumprir a tarefa de que este mundo não seja habitável somente para os imbecis.


Texto de Aldo Pellegrini, poeta argentino, do livro “Surrealismo Novo Mundo”, ed. da UFRGS – traduzido do espanhol por Lara Oleques de Almeida.

terça-feira, 12 de junho de 2007

VARAL VIRTUAL - LAU SIQUEIRA



aos predadores
da utopia



dentro de mim
morreram muitos tigres

os que ficaram
no entanto
são livres


Sou gaúcho de Jaguarão, moro há 22 anos em João Pessoa.
Mando meu abraço e um poema para esse Porto de tanta Poesia.

- Lau Siqueira

PortoPoesia, Raul Bopp e a cultura literária

- E. San Martin:

O evento ou feira PORTOPOESIA representa esforço expressivo para aglutinação e divulgação da produção poética do Rio grande do Sul contemporâneo. Com ele, espera-se que dezenas de poetas leiam ou apresentem seus textos ao vivo, disponham seus livros, etc... O evento também vai homenagear alguns poetas gaúchos mais antigos, entre os quais o clássico do modernismo Raul Bopp (1898-1984).

Uma iniciativa como essa vale, sobretudo, por tornar acessível aos interessados esta produção verbal considerada poesia por alguns e, por outros, uma verborréia narcisista e egocêntrica de pouco ou nenhum interesse lingüístico ou relevância cultural (exceto no sentido antropológico). A platéia e o tempo dirão quem está certo.

PortoPoesia ocorre num momento de grande anemia na cultura literária brasileira. Por mais que os otimistas digam que produção há, mas falta divulgação, investimento editorial – a realidade é que os poucos poetas vivos de valor reconhecido pela técnica e expressividade são antigos, publicados e consagrados quando ainda havia espaço para a cultura literária nos veículos de comunicação social do país.

Esta anemia intelectual na nossa era das celebridades sem sentido, por outro lado, integra um processo histórico endêmico desta “enjeitada na cultura nacional”, a poesia.

Só para registro, segue uma citação de carta enviada por Raul Bopp de Mombaça a Jorge Amado em julho de 1932, onde o autor justifica sua relutância em publicar ou divulgar seus poemas:

“...acho que a época não tá pra versos. Primeiro, pela discordância com o ambiente. Segundo, pela super produção da mercadoria. Terceiro, porque os consumidores preferem aquele lirismo bojudo do poeta Schmidt (Augusto Frederico Schmidt, o poeta da culpa cristã), ou então o verso dengue ‘recamier’ do poeta Paschoal (Paschoal Carlos Magno), o jovem especial para a alta ‘societé’”.

A carta ainda ironiza a repercussão de “Cobra Norato” (publicada em 1931 financiada por amigos). Sobre o descaso geral na acolhida ao poema hoje integrante do “cânon” modernista, Bopp diz:

“No ajuste de contas, extraindo a raiz quadrada de uns elogiozinhos de rua, o livro foi um fracasso. Talvez o recorde do ano. As livrarias venderam um exemplar. Eu só queria saber quem foi esta besta. Talvez, por engano, uma encomenda do Instituto Butantã de São Paulo”.


Originalmente publicado em NOVAKLAXON1.blogspot.com

segunda-feira, 11 de junho de 2007

VARAL VIRTUAL - DILAN CAMARGO


CHAMEM O POETA

Está torta a reta?

Chamem o poeta.
Não se alcança a meta?
Chamam o poeta.
Querem desvirtuar o asteca?
Chamem o poeta.
A multidão se inquieta?
Chamem o poeta.
A platéia é seleta?
Chamem o poeta.
Algum mal nos afeta?
Chamem o poeta.
O Governo decreta?
Chamem o poeta.
A conta é secreta?
Chamem o poeta.
O tubo não excreta?
Chamem o poeta.
A dama é discreta?
Chamem o poeta.
O ator não interpreta?
Chamem o poeta.
O corrupto se locupleta?
Chamem o poeta.
Não adiantou a dieta?
Chamem o poeta.
Ninguém segue a seta?
Chamem o poeta.
O avô renega a neta?
Chamem o poeta.
O menino caiu da bicicleta?
Chamem o poeta.
Conflito burguês X proleta?
Chamem o poeta.
O lixeiro não faz coleta?
Chamem o poeta.
Não sai a eleição direta?
Chamem o poeta.
Chamem o poeta.
Se um for pouco
chamem um enxame.
Não importa que mais chamem
do que amem o poeta.
Chamem o poeta!
Chamem o poeta!



MULHER (em Sopro nos Poros . Ed. Tchê! / 1985 )

Não chore na frente de um homem.

Não adore a fronte de um homem.
Só atenda, pelo próprio nome.

O que lhe negar, dele tome.
Não baixe a cabeça, na frente de um homem.

De frente, com fome, coma esse homem.
Devore-o, com a força de seu abdômen.

Não aceite lugar atrás de um homem.
Nunca esqueça, as sombras se somem.

sexta-feira, 8 de junho de 2007

VARAL POESIA - JOSÉ PAULO PAES




CONVITE
- José Paulo Paes

Poesia
é brincar com palavras
como se brinca
com bola, papagaio, pião.
Só que
bola, papagaio, pião
de tanto brincar
se gastam.

As palavras não:
quanto mais se brinca
com elas mais novas ficam.

Como a água do rio
que é sempre água nova.

Como cada dia
que é sempre um novo dia.

Vamos brincar de poesia?




Nota biográfica:

José Paulo Paes nasceu em Taquaritinga SP, em 1926. Estudou química industrial em Curitiba, onde iniciou sua atividade literária colaborando na revista Joaquim, dirigida por Dalton Trevisan. De volta a São Paulo trabalhou em um laboratório farmacêutico e numa editora. Desde de 1948 escreve com regularidade para jornais e periódicos literários. Toda sua obra poética foi reunida, em 1986, sob o título Um por todos. No terreno da tradução verteu do inglês , do francês, do italiano, do espanhol, do alemão e do grego moderno mais de uma centena de livros. Em 1987 dirigiu uma oficina de tradução de poesia na UNICAMP. Faleceu no dia 09.10.1998.

VARAL POESIA - LUIS FERNANDO VERISSSIMO


LIMPEZA PÚBLICA
- Luís Fernando Veríssimo

O poeta é um reciclador
Das palavras de todo dia
Do verbo de toda hora
Que se usa e bota fora
Separa o descartável
Do reaproveitável
E o bonito da bobagem.
A poesia
É o lixo limpo
Da linguagem.

quinta-feira, 7 de junho de 2007

VARAL VIRTUAL - RONALD AUGUSTO

no assoalho duro

Ronald Augusto*


me aproximo de tombar em sono suave em bairros os cachorros latem
digo: cantam de galo no terreiro
à tarde esperam sobre esporas altaneiros
os galos a que me referi acima
ciscam em consideração às galinhas
também não sobra muito para o caderno
hão passado verão outono inverno
e muito está aqui enfeixado
e tudo mais que passou por apagado
já esse posfácio não sai fácil
feito os outros de bem outro hábito
escrever sem prévio rascunho
assim levado a reboque do próprio punho
não me é um bem como antes fora
faço papel de tolo jogral fora de hora
querendo levar a cabo missão sem solda e soldo
água em cuja superfície áporos a rodo
enquanto mais ao fundo lodo-areia
no qual não há que pise sequer de meias
e rimas oficiando o que já é um rito
acabar cuaderno escrevendo esquisito
felizmente minha fabulação manca
estou com travas na fala trancas
não há indulto possível para poeta
que não se toca ou diz não à caixa-preta
que melhor memória manuseável externa
pode haver para se ler os destroços da cena?
o pânico da audiência minutos segundos antes
o vômito no saco da crítica no chão restante
barra o sono essa conversa errorosa
melhor num outro dia dar sítio à prosa


*do livro do mesmo nome que pode ser encontrado na Palavraria

terça-feira, 5 de junho de 2007

FAÇA VALER, VÁ LER

Sobre Raul Bopp:

http://www.antropofagia.com.br/antropofagia/pt/artigos_01.html

http://regisbonvicino.com.br/textcrit30.htm

http://www.cultura.gov.br/noticias/na_midia/index.php?p=25339&more=1&c=1&pb=1

RAUL BOPP

Raul Bopp (Vila Pinhal RS, 1898 - Rio de Janeiro RJ, 1984) fundou, por volta de 1917, os seminários O Lutador e Mignon, em Tupanciretã RS. Cursou Direito, entre 1918 e 1925, em Porto Alegre RS, Recife PE, Belém PA e Rio de Janeiro RJ; cada ano letivo foi freqüentado em uma capital. Percorreu longamente a Amazônia, na década de 1920. Em 1922 participou na Semana de Arte Moderna, em São Paulo SP. Dois anos depois, passou a integrar os movimentos Pau-Brasil e Antropofágico, com Oswald de Andrade, Tarsila do Amaral e Antônio Alcântara Machado. Em 1931 lançou Cobra Norato, seu primeiro livro de poesia e um dos mais importantes do Modernismo. Foi jornalista e diplomata; entre 1942 e 1973 viveu em Los Angeles (EUA), Berna (Suíça), Rio de Janeiro RJ, Brasília DF e Porto Alegre RS. No período, publicou os livros em prosa América, Notas de um Caderno Sobre o Itamaraty, Movimentos Modernistas no Brasil: 1922/1928, Memórias de um Embaixador, Bopp Passado a Limpo por Ele Mesmo, Vida e Morte da Antropofagia e Longitudes, entre outros. Fazem parte de sua obra poética Urucungo (1932), Poesias (1947), Mironga e Outros Poemas (1978), entre outros. Raul Bopp é um dos nomes fundamentais da primeira geração do Modernismo. Murilo Mendes afirmou que "Cobra Norato é o documento capital dessa ruptura de um poeta que, tendo viajado tanto e conhecido culturas tão diferentes, permaneceu tipicamente brasileiro e levou a termo, em pleno século XX, o que os outros descobridores do Brasil tinham tentado em vão desde o início do século XVII. Na linguagem, Bopp, forjador de um léxico saboroso, fundiu sabiamente vozes indígenas e africanas, alterando a sintaxe, sem cair nos exageros e preciosismos de Mário de Andrade."
Extrato da obra Cobra Norato

Um dia/ ainda eu hei de morar nas terras do sem-fim.// Vou andando, caminhando, caminhando;/ me misturo rio ventre do mato, mordendo raízes./ Depois/ faço puçanga de flor de tajá de lagoa/ e mando chamar a Cobra Norato.// — Quero contar-te uma história:/ Vamos passear naquelas ilhas decotadas?/ Faz de conta que há luar.// A noite chega mansinho./ Estrelas conversam em voz baixa.// O mato já se vestiu./ Brinco então de amarrar uma fita no pescoço/ e estrangulo a cobra.// Agora, sim,/ me enfio nessa pele de seda elástica/ e saio a correr mundo:// Vou visitar a rainha Luzia./ Quero me casar com sua filha.// — Então você tem que apagar os olhos primeiro./ O sono desceu devagar pelas pálpebras pesadas./ Um chão de lama rouba a força dos meus passos.// II. Começa agora a floresta cifrada...
“E com isso volto e insisto sobre a Semana de Arte Moderna. O Brasil tem alguma coisa incorporada ao melhor que o mundo fez nos laboratórios da literatura contemporânea. Tem Cobra Norato de Raul Bopp.”
(Oswald de Andrade, Hora H)

“O velho livro de versos modernistas, aparentemente tão datados, ressurge hoje em toda a sua novidade, e o amadurecimento do poeta mais o apurou. E é possivelmente o mais brasileiro de todos os livros de poemas brasileiros, escritos em qualquer tempo.”
(Carlos Drummond de Andrade, Raul Bopp, Cuidados de Arte)

segunda-feira, 4 de junho de 2007

VARAL VIRTUAL - EMANUEL MEDEIROS VIEIRA

Emanuel Medeiros Vieira - de Brasília

"Se não for pela poesia, como crer na eternidade, escreveu alguém. Desta Capital da República, queria saudar o projeto "Porto Poesia", que incentiva a criação de novos e antigos valores. É uma proposta ecumênica e generosa, num tempo de maniqueísmo, sectarismo e onipotência. A repercussão da idéia chega a me comover: um poeta estrangeiro quer participar. Então, com essa "força", essa irradiação, com as consciências tão afinadas, a idéia só pode prosperar. Essa é a riqueza da poesia. Não contábil. Seu valor é, imaterial. E por isso mesmo, eterno. Memo Giardinelli fez a indagação: "Por-que se escreve?" E ele mesmo responde: "Porque só a literatura e a a arte podem redimir o gênero humano - com mais tendência à mediocridade do que ao talento." Só repito o que muitos sabem: não há povos sem poesia e é possível verificar sua importância em todas as sociedades, apesar de quase sempre seu contéúdo não comungar com os valores dominantes. Não queria deixar de lembrar o que disse Octávio Paz: "A ação do poeta só pode ser exercida sobre indivíduos e grupos. Talvez residam nessa limitação sua eficácia presente e sua futura fecundidade."


ESTATUTO (o poema do poeta Emanuel)

Esse estatuto de miséria não é nosso,
e não colhemos mais flores,
no começo de manhãs orvalhadas.
Aspirava:
solar manhã saltando desta página para restaurá-la.

Mas por que o poema resiste?
Singra a eternidade, despista a morte:
não é mercantil seu estatuto.

domingo, 3 de junho de 2007

VARAL VIRTUAL - ALINE ISAIA

(fotopoema: Pirata)


Tentativas

Aline Isaia (do livro Para Tarsila)

São tuas as minhas palavras,
as mãos coloridas,
as paisagens que guardo e
as que virão.
Sei que estás em algum lugar,
Quieto demais para me encontrar.

Dos teus olhos, leio o brilho,
Decorei a coreografia dos teus passos,
E, tua voz anda sussurrando pelos meus ouvidos
nas noites que sou só.
Só de espera,
não de solidão.
Porque não tenho tempo para a amargura.
Já me vejo nos teus rastros
e nosso amanhã,
enquanto troco passos de coração nômade
Entre sós, coragem e esconderijos.
Amor se encontra errando.

VARAL VIRTUAL - NEI DUCLÓS


Nei Duclós, manda de Florianópolis

NO MEIO DA RUA - Nei Duclós

A casa do passageiro
é o meio da rua
por isso esse ar de loucura

por isso esse andar
de banda. essa voz
que inflama. esse olhar
de lua

por isso essa dor que
não recua

A cama do passageiro
é o amor de campanha:
armar o dia
manter o fogo
cobrir a fuga

por isso esse chamado
quando passa adiante
essa vontade
que alguém lhe acompanhe

O medo do passageiro
é sentir-se um estranho
por isso sorri
enquanto morre de fome

(ele nasceu, teve um sonho
mas o caminho, longo demais
lhe rouba o sangue)

No meio da rua
o coração do passageiro
bate o o bumbo

sexta-feira, 1 de junho de 2007

From: "Rafael Reinehr" <superjazz7@terra.com.br>
Sent: Friday, June 01, 2007 9:36 PM
Subject: Porto Poesia
Portopoetas, Estou dentro! Preciso pensar em como, em um pequeno intervalo de tempo, apresentar alguns novos poetas, falar de poesia dadaísta, Maiakowsky, Leminski, poesia em quadrinhos, minicontos poéticos, recitar algumas de minhas poesias tudo isso com uma trilha sonora suave (mas bem planejada) e algumas imagens pipocando ao fundo. Onde assino? Er... Quer dizer, para onde mando a ficha de inscrição? Ganho ticket refeição e vale-transporte?Rafael Reinehr
http://armazemdeideias.org
http://reinehr.org
http://simplicissimo.com.br
http://sillencio.org
http://clinicamedspa.com
From: Márcio-André
Sent: Thursday, May 31, 2007 8:08 PM
Subject: Re: PORTOPOESIAPORTOPOESIAPORTOPOESIA
Caro Marcos, primeiramente, meus parabens por esta iniciativa (desculpe se escrevo sem acento, mas em londres computadores nao sabem o que e isso).

Gostaria muito de participar deste grandioso evento, mas antes precisava saber se ha subsidios para nos, visto que viajar e ter uma estadia em hotel e um pouco caro, pricipalmente para poetas. 'E minha unica questao na verdade, pois topo dar palestra, recitar e fazer um woprkshop, por puro prazer. Um abraço.

Márcio-André--
www.marcioandre.com
www.confrariadovento.com
http://www.confrariadoventoeditora.com
http://arranjos.confrariadovento.com
http://www.revista.agulha.nom.br/marcioandre.html
From: Thelmo Lins
Sent: Friday, June 01, 2007 9:22 AM
Subject: Re: PORTOPOESIAPORTOPOESIAPORTOPOESIA
Prezado Marco Celso Viola,

Agradeço a gentileza de me enviar a inscrição para o Porto Poesia. Apesar de escrever poesia, e até irei publicar meu primeiro livro em outubro de 2007, meu trabalho atual é a música. Lancei dois CDs de poemas musicados. Um chama-se "Thelmo Lins Canta Drummond" (2003), com os poemas de Drummond musicados por grandes compositores brasileiros. E o mais recente é "Cânticos", com os poemas de Cecília Meireles musicados por Fatima Guedes. Este disco conta com a parceria do cantor Wagner Cosse.
Você pode conhecer melhor os trabalhos no site http://www.thelmolins.com.br/ e http://www.wagnercosse.com.br/.
Por isso, se neste evento tiver espaço para a música, sugiro a contratação de nosso espetáculo "Cânticos" (veja material anexo, em formato pdf.). É um trabalho muito bonito, que casa música, poesia e teatro, num espetáculo emocionante.

Caso se interesse pelo trabalho, podemos enviar pelo correio o material impresso com o CD. Basta informar o endereço completo.

Estou à disposição para mais informações.

Atenciosamente,

Thelmo Lins
thelmolins@uaivip.com.brhttp://www.thelmolins.com.br/(31) 9991-6653
From: Ronald Augusto da Costa da Costa
To: mar.rio@terra.com.br ; jdegrazia@bol.com.br ; kyronarq@terra.com.br ; editoraoffice@yahoo.com.br
Sent: Friday, June 01, 2007 10:10 AM
Subject: RE: VARAL VIRTUAL
pessoal, ando cheio de coisas para fazer e não tenho dado conta de todas. oficinas, shows dos poETs e agora dias 13 e 14 de junho um show solo deste que vos escreve, e, tocar o ganha pão da minha micro de pães e biscoitos (o mario conhece), etc, etc, me fazem puxar o freio. peço um tempo pra me organizar e depois conversamos, ok! mas o movimento está crescendo. legal essa do poeta padin.
abraços!
ronald