segunda-feira, 4 de junho de 2007

VARAL VIRTUAL - EMANUEL MEDEIROS VIEIRA

Emanuel Medeiros Vieira - de Brasília

"Se não for pela poesia, como crer na eternidade, escreveu alguém. Desta Capital da República, queria saudar o projeto "Porto Poesia", que incentiva a criação de novos e antigos valores. É uma proposta ecumênica e generosa, num tempo de maniqueísmo, sectarismo e onipotência. A repercussão da idéia chega a me comover: um poeta estrangeiro quer participar. Então, com essa "força", essa irradiação, com as consciências tão afinadas, a idéia só pode prosperar. Essa é a riqueza da poesia. Não contábil. Seu valor é, imaterial. E por isso mesmo, eterno. Memo Giardinelli fez a indagação: "Por-que se escreve?" E ele mesmo responde: "Porque só a literatura e a a arte podem redimir o gênero humano - com mais tendência à mediocridade do que ao talento." Só repito o que muitos sabem: não há povos sem poesia e é possível verificar sua importância em todas as sociedades, apesar de quase sempre seu contéúdo não comungar com os valores dominantes. Não queria deixar de lembrar o que disse Octávio Paz: "A ação do poeta só pode ser exercida sobre indivíduos e grupos. Talvez residam nessa limitação sua eficácia presente e sua futura fecundidade."


ESTATUTO (o poema do poeta Emanuel)

Esse estatuto de miséria não é nosso,
e não colhemos mais flores,
no começo de manhãs orvalhadas.
Aspirava:
solar manhã saltando desta página para restaurá-la.

Mas por que o poema resiste?
Singra a eternidade, despista a morte:
não é mercantil seu estatuto.

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