sexta-feira, 3 de agosto de 2007

Oficina POESIA DE CORDEL - NAS ORIGENS DA CULTURA POPULAR


(com Suriel Moisés Ribeiro, dias 27, 28 e 29, das 10 às 12 horas)

Nossa cultura brejeira,
Matuto berço das musas,
Em meio a mentes confusas
Hasteia sua bandeira.
Assim como a caatingueira
Agüenta a seca infernal,
No deserto cultural
Quero ver forte e viçosa
A raiz maravilhosa
Da Cultura nacional.


Hoje em dia quando se ouve um matuto improvisando versos ou quando se lê um folheto de cordel, coisas muito raras aqui no sul, mas muito comuns em outras regiões do país, geralmente só se enxerga naquilo um amontoado de versos rimados de difícil entendimento, ditos em um sotaque engraçado e embalados por uma cansativa repetição de acordes de viola. Isso é muito natural, pois os olhos que estão acostumados a pouca luminosidade, se ofuscam quando são expostos a uma luz mais intensa, e o próprio brilho desta os impede de contemplá-la. Quando acostumamos nossos olhos ante o lume da poesia cabocla, começamos a ver a genialidade presente nesta arte. Genialidade esta que nem os mais condecorados doutores em literatura conseguem alcançar, mas que muitos roceiros analfabetos dominam sem nunca terem recebido instrução acadêmica. Esses humildes trabalhadores de roça são herdeiros deste tesouro milenar que é a prática da literatura oral tradicional. Essa literatura tem sua origem em tempos remotos onde povos primitivos já praticavam o improviso de versos para evocar as forças da natureza e remontar feitos de seus heróis. Estas práticas originaram a cultura literária na idade média, que atravessou os tempos até chegar em terras brasileiras onde continua até hoje se desenvolvendo. O Brasil é o único lugar onde a poesia popular de origem medieval continua sendo produzida. Esta poesia chegou aqui com não mais de três tipos de estruturas e se desdobrou em mais 46 gêneros de metrificação e disposição de versos. É com objetivo de divulgar este límpido manancial da cultura que estarei ministrando esta oficina que tratará da origem e evolução da literatura oral tradicional.

Suriel Moisés Ribeiro
suriel.ribeiro@gmail.com

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