Mãe-doceira
A mãe andava de avental pela cozinha
os guris brincavam no quintal com carrinhos de latas velhas de azeite.
A mãe era doce quando fazia glacê branco bolo com recheio e quando fazia de conta que xingava os filhos.
Eu ia para a janela cansada de lamber raspas de leite condensado. Jamais sonhei a tristeza feito calda grossa enquanto ela via o ponto do açúcar.
Mas nas sombras a tristeza escorria escaldante e densa pelo meio dos dias que viriam anos depois e que nos fez – os irmãos – perdidos uns dos outros e da mãe-doceira para sempre.
- Celia Maria Maciel
Menção Honrosa no Prêmio Lila Ripoll de Poesia/2007
Nenhum comentário:
Postar um comentário