quinta-feira, 23 de agosto de 2007

Varal Virtual - Etienne Blanchard

"então fazes amor & pazes

então queres, não feres, não erres"

o pintor louco escrevia em muros

"o jovem príncipe quer imagens & viagens

& margens

mas as viagens mais densas & perigosas

se fazem dentro de si mesmo

já dizia Henry Miller

então ele dentro de seu cérebro & alma

andava a esmo

procurava o Sol

navegava a remo

dentro do oceano infinito de seu universo

pensava em versos

vagava lento

os passos do Minotauro, seu invento",

o pintor louco continuava

escrevia tudo o que lembrava

"o Minotauro perseguia no labirinto

o fio de Ariadne perdido

& Teseu...

& Perseu era um gato

calmo, taurino e pacato

Joana, sua namorada,

ele lambia

mas não podia consumar o ato"

então o pintor se lembrava de um distante regato

"Onde as águas cantavam canções infinitas

de amor, dor & cansaço

a História também de

uma jovem & um jovem

que se amavam com estardalhaço

neles não havia dor nem cansaço

somente corações-sol em chamas

& risadas de feliz palhaço

Conheceram-se em 11 de novembro",

O pintor dizia

"ainda me lembro,

Viveram 150 anos

juntos, no mínimo

o resto não fiquei sabendo

...

O nome dela Juliana

O nome dele Estevão

gostavam de astros e estrelas

Arte, Teatro e ovelhas

No cais, do navio

ela abana

juntos os 2 viajam

por países internos

de letras

Teatro, Cinema & borboletas

lagos, mares & Espelho"

Aí o pintor se perdia,

contar algo mais,

não mais sabia

Agora falava da Relatividade do Tempo

& do Verbo onde tudo principia

do Espaço Infinito,

dimensões escondidas

& de suas imensas feridas

& começava a cantar

uma canção estranha,

com a alma toda,

beleza tamanha,

que ouviu de um mudo&surdo,

cego, que tudo assobia.

E o pintor louco começou escrever nos muros do mundo:

ninguém sabia, era ele um artista, um louco ou um vagabundo?????

Um comentário:

Anônimo disse...

Dà uma passada de olhos nos labirintos da solidão, de Otávio Paz. Acho que vais gostar. O adentrar-se, para ele, é parte de uma estratégia. Mas o retorno ao átrio, mais fortalecido, mais ciente e lúcio, é a meta.
Gostei do poema, comi com gosto, mas deixou-me um gosto amargo na boca, no finalzinho. Feito caju ainda não bem amadurecido.
Felicidades.
Uma amiga.